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#Humanidades

Jovens e pandemia: e a saúde mental, como fica?

15/12/2020

Organizadoras: Drielly Duarte, Layza Bandeira, Paula Marcelino

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Jovens e pandemia: e a saúde mental, como fica?

     A pandemia de Covid-19, maior problema de saúde pública da segunda década do século XXI, tem mudado a forma como vivemos no dia a dia. Diferentes gerações de diferentes lugares do planeta têm sido impactadas pelas novas medidas sanitárias que impõem mudanças no cotidiano das pessoas, como o isolamento social. Portanto, se faz necessário observar os efeitos desse ‘novo normal’ em cada geração, e de suas peculiaridades sobre os indivíduos.

       A juventude é uma categoria etária que tem sido muito estudada nas últimas décadas. Pensada no plural, como ‘juventudes’, e muitas vezes vista como problema, é também associada ao futuro, a um projeto, ao vir a ser. Diante de uma pandemia, quais são as questões que ganham relevância para este grupo social?

      À vista disso, foi desenvolvida uma pesquisa com jovens de diferentes regiões do país, com ênfase no Nordeste. Este estudo, por sua vez, se orientou de acordo com o recorte etário utilizado pelo IBGE para caracterizar a população jovem brasileira. As pessoas pesquisadas têm entre 19 e 28 anos de idade e foram localizadas a partir das redes de sociabilidade dos/das pesquisadores/as. Foram incluídos seus familiares, amigos e outras pessoas que se dispuseram a conversar, de forma remota, acerca dos impactos do isolamento social sobre as experiências cotidianas. Foram realizadas doze entrevistas, das quais participaram seis mulheres e seis homens. Deste total, apenas seis pessoas declararam sua cor/etnia, sendo respectivamente duas brancas, duas pardas e duas negras. Os/as jovens entrevistados/as pertencem às classes populares ou à classe média, são estudantes, do ensino médio ou do superior, e a maioria trabalha e mora com suas famílias.

      As entrevistas mostraram que o tema central, tanto para as garotas como para os rapazes, foi a “saúde mental”, apontada como a maior causa de sofrimento durante o período de isolamento social que segue. Este também foi apontado como o fator que conduz a várias outras questões que têm se desdobrado em suas vidas, como o medo e a impotência, mesmo diante de questões corriqueiras. Foi possível perceber que existe uma forte preocupação com a qualidade de vida e a falta de perspectiva para o futuro.

A seguir, os relatos...

“A gente tem acesso à informação o tempo todo, eu ignoro fake news, mas, por ter acesso a informações o tempo todo, acaba por ter a sensação de muita vulnerabilidade sempre, porque todo tempo tá entrando coisa nova e a gente tá vendo aquilo, então pelo menos pra mim eu acho que esse bombardeio de informações dá uma sensação maior de medo, então a gente fica: será que vou ser a próxima vítima?”

                                                       (J., mulher, 20 anos, não declarou a cor)

 

“Eu só acordo e respiro... até a hora em que eu consigo dormir. Essa é minha rotina.”

“Tenho pensamentos recorrentes de incapacidade e impotência. Eu abandonei o hábito de estudar porque não estou conseguindo.”

                                                                      (M., homem,negro, 21 anos)

 

“Em algumas semanas, eu não tenho energia nenhuma para organizar as tarefas.”

“Não estou conseguindo lidar com coisas muito densas, que exijam atenção.”

“A gente acaba se sentindo meio impotente. Mas ainda assim, por conta desse apoio ‘micro’ da nossa bolha virtual, a gente tenta continuar e seguir em frente.”

                                                                       ( N., mulher,negra, 26 anos)

 

“Eu tinha 150% de certeza de que saúde mental era importante. Hoje eu tenho 300% de certeza.”

“Às vezes, não parece que o mundo tá progredindo. Às vezes, parece que o mundo só vai pra baixo, no caso, as atitudes das pessoas.”

                                                                      (L., homem,branco, 21 anos)

 

“Na verdade, eu acho que estou mantendo os problemas afastados. Teve uma semana que eu chorei várias vezes por motivos que ela [a mãe] acha que não são motivos suficientes para chorar. Eu sei que é importante cuidar da saúde mental nesse momento, então eu vou tentando alimentar só as coisas boas.”

                                                                       (E., mulher, parda, 21 anos)

 

“Eu espero que tenha uma conscientização maior com essa coisa de saúde mental porque isso tá batendo com todo mundo, batendo na porta de todo mundo.”

                                                   (M., homem,não declarou a cor,  21 anos)

 

REFERÊNCIAS

Links:

https://www.juventudeseapandemia.com/ - relatório desenvolvido pelo conselho de juventude nacional sobre juventudes e a pandemia do coronavírus <https://4fa1d1bc-0675-4684-8ee9-031db9be0aab.filesusr.com/ugd/f0d618_41b201dbab994b44b00aabca41f971bb.pdf>.

 

https://www.bbc.com/portuguese/geral-52157980 - Coronavírus: o impacto da doença na saúde mental de adolescentes e jovens.

 

https://youngminds.org.uk/about-us/reports/coronavirus-impact-on-young-people-with-mental-health-needs/ - Coronavírus: impacto em jovens com necessidades de saúde mental.

 

http://www.pucrs.br/blog/cuidados-com-a-saude-mental-em-tempos-de-isolamento-social/ (texto excelente - Observa as reações, os sentimentos e as estratégias perante o isolamento).

 

Links complementares:

https://portal.fiocruz.br/noticia/covid-19-como-o-isolamento-social-influencia-saude-mental-infantil.

 

https://rbafs.org.br/index - Isolamento social: consequências físicas e mentais da inatividade física em crianças e adolescentes.

Se interessou? Então continue nos acompanhando que toda semana iremos publicar um texto por aqui em nosso site produzido pelo Grupo de Estudos HumanIdades.

Equipe que compõe o Grupo de Estudos HumanIdades:

 

EQUIPE DISCENTE:

Artur Pereira Costa

Christina Gladys Mingareli Nogueira

Drielly Duarte

Edilza Detmering

Ieda Maria Cordeiro Moura

Layza Bandeira

Luana Genoud

Marcia Longhi

Paula Marcelino

 

EQUIPE DOCENTE

Elaine Müller

Marcia Longhi

 

REVISÃO GERAL:

Edilza Detmering

Marcia Longhi

 

Arte: João Paulo Isnard

Desenhos: João Vitor Velame

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